Vacina experimental contra câncer de intestino e pâncreas impede retorno da doença -Monique de Carvalho =>SÓ NOTÍCIA BOA
Uma vacina experimental para o câncer de intestino e pâncreas conseguiu impedir o retorno da doença em pessoas com alto risco de recidiva, segundo um estudo publicado na revista científica Nature Medicine. A novidade tem animado pacientes e profissionais de saúde.
Os resultados chamaram atenção por mostrarem respostas imunológicas duradouras, algo raro em casos de tumores agressivos. Em alguns pacientes, o imunizante ajudou a manter o corpo livre da doença por muito mais tempo do que o esperado, superando as taxas históricas de sobrevida.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia (UCLA) e trouxe uma notícia animadora: a vacina pode se tornar uma aliada importante no combate a um dos tipos mais difíceis de câncer, especialmente o de pâncreas, onde a chance de retorno após o tratamento padrão é altíssima.
Batizada de ELI-002 2P, a vacina tem um diferencial importante: ela não é personalizada, mas sim pronta para uso. Isso significa que pode ser aplicada em diferentes pacientes sem precisar ser desenvolvida caso a caso, tornando o acesso mais viável e rápido. *
O ensaio clínico de fase 1 contou com 25 pacientes: 20 com câncer de pâncreas e 5 com câncer colorretal. Todos já haviam passado por cirurgia e apresentavam sinais de que a doença poderia voltar, como fragmentos de DNA tumoral no sangue. **
De acordo com os pesquisadores, a sobrevida livre de recidiva foi de 16,33 meses, enquanto a sobrevida global mediana chegou a 28,94 meses – números bem acima da média histórica para esses tipos de tumor.
Outro dado importante foi que pacientes com respostas imunológicas mais fortes viveram livres da doença por muito mais tempo. Além disso, 67% deles apresentaram reação contra outras mutações associadas ao câncer, indicando um potencial de proteção ainda mais amplo.
“É um avanço empolgante, especialmente para o câncer de pâncreas, onde quase sempre a doença volta após o tratamento”, afirmou o professor Zev Wainberg, autor principal do estudo.
O próximo passo será realizar um ensaio clínico de fase 2 com um número maior de pacientes, para confirmar os resultados e avaliar a possibilidade de uso em larga escala.
* O imunizante mira mutações no gene KRAS, presentes em 90% dos cânceres de pâncreas e em metade dos cânceres colorretais. Esse gene sempre foi considerado um dos maiores desafios da oncologia, mas a nova tecnologia conseguiu treinar o sistema imunológico para reconhecer e atacar células com essas alterações.
A vacina é aplicada diretamente nos gânglios linfáticos, onde a defesa do corpo é ativada. Dessa forma, consegue estimular células T – glóbulos brancos essenciais na proteção contra doenças – para combater os tumores de forma mais eficiente.
** Os participantes receberam uma série de injeções da vacina e foram acompanhados por quase 20 meses. O resultado animou os cientistas: 84% dos pacientes desenvolveram células T específicas contra o KRAS e, em alguns casos, os biomarcadores do câncer chegaram a desaparecer completamente.