Observar um jardim bem feito reduz o estresse e melhora o humor =Publicação: Frontiers in Neuroscience =>DIÁRIO DA SAÚDE
Uma fonte de água, uma ponte, pedras, árvores… Muitos jardins são construídos com os mesmos elementos, mas nem todos têm os mesmos efeitos nos observadores.
Pesquisadores descobriram que, em jardins cuidadosamente projetados e igualmente cuidados, os visitantes experimentam uma redução da frequência cardíaca e uma melhora do humor. E uma das razões para isso pode ser o olhar do observador, que se desloca mais rapidamente e cobre distâncias maiores.
Esse efeito pode ter aplicações em terapia e bem-estar, tanto para as pessoas que não conseguem escapar da vida urbana, quanto para o aspecto do envelhecimento da nossa sociedade.
“Encontramos uma correlação entre mudanças rápidas de olhar e uma redução na frequência cardíaca e melhora no humor. A redução do estresse experimentada por observadores de um jardim japonês bem projetado se deve, em grande parte, às características do projeto, que levam o observador a realizar mudanças horizontais frequentes e rápidas no olhar,” disse o professor Karl Herrup, neurobiólogo da Universidade de Pittsburgh (EUA).
“Jardins japoneses bem projetados têm cenários evocativos e abstratos, projetados com grande riqueza de detalhes. Esses cenários incentivam o observador a observar por mais tempo para entender a composição e o significado da paisagem, enquanto o olhar vagueia mais e mais rápido,” disse a professora Seiko Goto, especializada em arquitetura paisagística da Universidade de Nagasaki (Japão).
Mas você não precisará viajar para o Japão para desfrutar desses benefícios. Outros jardins podem ter um efeito semelhante sobre os espectadores, mas o posicionamento dos elementos no projeto é crucial.
Para isso, a equipe comparou um jardim japonês com os jardins das universidades. Embora todos os jardins incorporassem fontes d’água, pedras, árvores e uma ponte, o jardim japonês conta com elementos dispostos horizontalmente. Nos jardins universitários, por outro lado, os objetos de maior interesse estão no centro do campo visual, eliminando a necessidade de que o olhar do observador passeie por todo o ambiente.
“O jardim Murin-an [jardim histórico em Quioto] foi projetado como um jardim de observação que deve ser apreciado de um ponto de vista específico em relação aos elementos de design,” disse Karl Herrup. “É essa atenção aos detalhes que atrai o olhar para os padrões que aliviam o estresse.”