“Phubbing”: como ignorar o parceiro ao mexer no celular pode afetar seu relacionamento –Fernanda Zibordi =>Revista GALILEU
Você já sentiu incômodo ao conversar com alguém vidrado no celular? O fenômeno de ser ignorado por uma pessoa que está mexendo em seu dispositivo é tão comum que já tem até nome: “phubbing”, termo que vem da união das palavras em inglês phone (telefone) e snubbing (esnobar).
Pesquisadores da Universidade de Southampton, no Reino Unido, decidiram investigar quais são os impactos dessa condição nos relacionamentos de pessoas que são frequentemente “phubbadas”, segundo comunicado.
O novo estudo avaliou 196 adultos, entre eles pessoas com sintomas de apego ansioso – caracterizado pelo medo do abandono e pela alta necessidade de reafirmação – e de apego evitativo, que evita aprofundar laços – em que as pessoas sentem desconforto com proximidade emocional.
“Sabemos que todo mundo acha o phubbing frustrante e irritante. Pode parecer algo trivial, mas, nos relacionamentos, esses pequenos momentos se acumulam, criando a sensação de que a atenção do seu parceiro está em outro lugar e de que você é menos valorizado”, diz Claire Hart, autora do estudo publicado na revista científica Journal of Personality.
Foi pedido aos participantes que anotassem em diários, por um período de dez dias, a frequência com que sofrem phubbing dos parceiros, além de que detalhassem sentimentos, reações e motivos para “dar o troco”, como a resposta de também pegar o celular. #
As pesquisadoras destacam que atitudes precipitadas podem trazer conforto imediato, mas também levar a uma espiral negativa de interações ruins com o parceiro. Criar zonas livres de celular durante momentos do dia ou discutir abertamente os limites de uso são algumas medidas citadas que podem ajudar a proteger um relacionamento com casos de phubbing.
Estar presente (mais que fisicamente) com o parceiro importa mais do que se imagina, e reconhecer essa condição pode ajudar para que ambas as pessoas se sintam respeitadas.
# De acordo com Claire Hart, pessoas já sensíveis a sinais de rejeição podem ter as intensidades das reações ampliadas, levando a ciclos de conflitos e afastamento. Os registros dos diários mostraram, justamente, que aqueles com apego ansioso apresentaram relatos mais intensos que aqueles com apego evitativo.
Enquanto o primeiro grupo demonstrou maiores sinais de depressão, baixa autoestima e ressentimento, o segundo aparentou, em certa medida, ser “imune” aos impactos no bem-estar, sendo menos propensos a confrontar o parceiro sobre o uso do celular. Os sinais de retaliação também foram observados de diferentes formas em cada um.
“Descobrimos que pessoas com apego afetivo retaliavam como uma forma de buscar conexão com outras pessoas quando o parceiro parecia emocionalmente indisponível. Elas também faziam postagens ou mandavam mensagens para obter validação”, explica Kathy Carnelley, psicóloga e coautora do estudo.