Podemos aprender a agir melhor diante da incerteza
Publicação: Nature Human Behaviour
Via: Diário da Saúde
Um novo estudo experimental contestou a teoria científica mais aceita atualmente sobre o aprendizado, que defende que ações físicas idênticas são governadas pela mesma memória motora, independentemente do processo de tomada de decisão envolvido.
Kisho Ogasa e colegas do Instituto NICT (Japão) descobriram que o cérebro diferencia e armazena memórias motoras com base no nível de incerteza experimentado durante a tomada de decisões.
Por exemplo, em uma disputa de pênaltis no futebol, um jogador pode decidir chutar a bola para o canto direito ao observar o goleiro se movendo na direção oposta. Ou, o jogador pode executar o mesmo chute sem ter certeza sobre o movimento do goleiro. Embora a ação física – chutar a bola para a direita – seja idêntica em ambos os cenários, este novo estudo mostrou que o cérebro marca estas ações de forma diferente com base na incerteza envolvida.
Isto mostra que as memórias motoras não são simplesmente repetições da mesma ação, mas são influenciadas pelos processos cognitivos que conduzem a elas.
“Esta foi uma descoberta muito surpreendente. Isto nos diz que não podemos tratar as ações como algo totalmente independente do processo cognitivo. Ambos são combinados para fazer a representação da ação,” disse o professor Nobuhiro Hagura.
Esta descoberta abre novos caminhos para o desenvolvimento de novos métodos de treinamento, inclusive nos esportes: Ao associar o treino de competências a diversas situações de tomada de decisão, os atletas podem melhorar o seu desempenho, refinando as suas memórias motoras em cenários específicos.
Checagem com artigo científico:
Artigo: Decision uncertainty as a context for motor memory
Autores: Kisho Ogasa, Atsushi Yokoi, Gouki Okazawa, Morimichi Nishigaki, Masaya Hirashima, Nobuhiro Hagura
Publicação: Nature Human Behaviour
DOI: 10.1038/s41562-024-01911-x