Rayssa ouviu Djavan e levou medalha. Por que escutar música ajuda a concentrar? =>Revista GALILEU
Rayssa Leal conquistou a medalha de bronze na prova de Skate Street nas Olimpíadas de Paris 2024, no último domingo (28). Durante as provas, foi possível perceber que Rayssa, assim como os outros skatistas, usava fones de ouvido. Na entrevista pós-prova, ela revelou que estava ouvindo música.
Ouvir música é uma prática comum não apenas entre skatistas, mas no esporte em geral. Nadadores e corredores, por exemplo, costumam usar fones de ouvido antes de suas competições. Jogadores de futebol e basquete são frequentemente vistos com caixas de som antes de partidas importantes. Mas por que os atletas escutam música durante as provas ou nos treinos?
De acordo com neurocientistas, o ato de ouvir música ajuda na regulação das emoções e na concentração próximo a importantes provas, além de melhorar o controle muscular. “Quando o cérebro está ouvindo música, ele se ilumina como uma árvore de Natal”, disse Costas Karageorghis, autor do livro Aplicando Música em Exercícios e Esportes . “É um estímulo ideal porque alcança [partes do cérebro] que não podem ser facilmente alcançadas.”
Em seu livro, o autor, que é chefe do departamento de pesquisa de música no esporte da Brunel University London, no Reino Unido, mostra que a música ativa uma série de importantes áreas cerebrais. O lobo parietal, responsável pela interpretação de informações sensoriais; o lobo occipital, que processa elementos visuais, o lobo temporal, que cuida da percepção auditiva; e o lobo frontal e o cerebelo, que regulam as emoções e a coordenação motora, respectivamente.
Todas essas áreas são cruciais para o rendimento dos atletas, levando Costas Karageorghis a denominar a música como a “droga legal” do esporte. Isso ocorre porque, ao estimular o cérebro de várias formas distintas, a música pode reduzir a percepção de esforço dos esportistas em até 10% e, consequentemente, aumentar seus desempenhos em até 20%, segundo estudos. Ela é uma ferramenta fundamental para regular o humor e filtrar distrações ao estimular a liberação de dopamina e opioides naturais no cérebro — dois compostos químicos que auxiliam no bloqueio da noção de cansaço e fadiga.
“Se eu falar, vocês não vou acreditar. Vou mostrar minha playlist. Como eu estava muito ansiosa, coloquei ‘Um Amor Puro’, do Djavan. Aí depois ‘Mudar Pra Quê?’, dos Nonatos. Depois tocou Zezé Di Camargo & Luciano, ‘É o Amor’, e depois L7”, contou Rayssa à imprensa na zona de entrevista, com sua medalha no peito.
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