Novo chauvinismo disfarça preconceito usando termos mais suaves =Publicação: Organization Studies =>Diário da Saúde
Psicólogos acreditam ter identificado o que eles chamam de um “novo chauvinismo”, alimentado pelo ressurgimento do populismo de direita e caracterizado pelo uso de uma linguagem mais suave e sutil do que o chauvinismo tradicional.
O chauvinismo é um termo que descreve uma atitude de exaltação exacerbada e agressiva em relação a um determinado grupo, ideia ou país. Contudo, o uso popular tem-se concentrado mais em uma atitude agressiva em relação às mulheres ou, mais genericamente, em uma crença na superioridade de um gênero em relação ao outro, neste caso à superioridade masculina sobre o feminino.
Os pesquisadores ainda identificaram um linguajar dos “velhos chauvinistas” em alguns personagens e influenciadores do mundo digital atual, mas a principal conclusão é que o discurso ficou mais suave, embora continue discriminativo.
“O velho chauvinismo atirava bombas verbais contra as mulheres, dizendo a elas onde elas pertenciam – mulheres e muitos homens passaram a reconhecer essas declarações pelo que elas eram e conseguiram se opor a elas. No entanto, o novo chauvinismo dispara saraivadas de pequenas flechas chauvinistas, insultos que às vezes são tão sutis que mal são registrados conscientemente como misóginos,” disse a professora Nancy Harding, da Universidade de Bath (Inglaterra).
Os pesquisadores entrevistaram homens e mulheres na indústria de desenvolvimento de software, onde globalmente quase 92% da força de trabalho é masculina, com vários estudos atribuindo a cultura misógina da profissão às baixas taxas de participação feminina. A equipe se concentrou na linguagem e nas atitudes usadas por desenvolvedores homens e nas experiências de desenvolvedoras mulheres.
Entre uma série de exemplos, os pesquisadores encontraram uma “curiosa resistência” de muitos homens até mesmo em contemplar a noção de uma engenheira de software, enquanto algumas mulheres relataram ouvir “Eu não sabia que uma mulher conseguiria fazer esse trabalho”, e falaram de uma persistente cultura “Elas e nós”, pintando as mulheres como permanentemente intrusas. Um homem disse: “É muito difícil para uma mulher ser feminina e uma boa desenvolvedora ao mesmo tempo. Algumas pessoas simplesmente não entendem”.
Os pesquisadores associam esse ressurgimento do chauvinismo ao neoconservadorismo, que vem florescendo em nossa era de grandes desigualdades, ressuscitando uma linguagem e atitudes que se tornaram tabu ao longo da luta de décadas pelos direitos das mulheres.
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