Engane seu cérebro. Placebo ajuda, mesmo sabendo que é falso .

Placebo ajuda, mesmo sabendo que é falso -Jeannette Cwienk =>Deutsche Welle Brasil

Seja para tratar uma dor nas costas, ansiedade ou depressão: estudos indicam que comprimidos sem ingredientes ativos podem surtir efeito, mesmo quando os pacientes sabem que estão tomando apenas um placebo.

A palavra “placebo” designa um medicamento sem um ingrediente ativo, uma falsa terapia ou falsa operação para tratar algum mal. O nome tem origem latina e significa “agradarei”. De fato: muitos pacientes, sem saber que passaram por um pseudotratamento, relatam alívio do sofrimento. É o que se chama de efeito placebo.

Por motivos éticos, esses falsos “tratamentos” são usados na ciência apenas para fins de estudo e não fazem parte da medicina convencional.

Mas eles também podem surtir efeito mesmo quando as pessoas sabem que estão tomando apenas um placebo. É o que aponta um estudo recente realizado pela Universidade Estadual de Michigan durante a pandemia.

Um grupo de 32 voluntários recebeu um placebo, enquanto outro grupo de 32 pessoas não recebeu nenhum tratamento. Todos afirmaram ter sofrido estresse prolongado durante a pandemia de coronavírus.

Ao final do estudo de duas semanas, as pessoas que tomaram o placebo relataram menos estresse, ansiedade e depressão em comparação com o grupo não tratado.

Uma meta-análise realizada por pesquisadores do Centro Médico Universitário de Freiburg e publicada em 2021 já havia demonstrado que a ingestão consciente de placebos pode aliviar sintomas em muitos casos.

Foram comparados 13 estudos com um total de 834 pacientes que sofriam de dor nas costas, síndrome do intestino irritável, depressão, síndrome da fadiga crônica, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), rinite alérgica ou calorões. Um pré-requisito foi que os pacientes recebessem informações adicionais sobre o efeito placebo.

“Pela primeira vez, conseguimos mostrar com certeza científica que placebos administrados abertamente também podem ser eficazes”, diz Stefan Schmidt, chefe de pesquisa de Saúde Sistêmica do Centro Médico da Universidade de Freiburg.

Ainda não está claro como exatamente placebos de rótulo aberto funcionam. Muitos estudos mostraram uma ligação com placebos apresentados como eficazes, explica à DW Ulrike Bingel, professora de neurociência clínica e diretora do Centro de Medicina Universitária da Dor em Essen.

“Quanto mais alívio eu espero, mais eu sinto”, diz a professora de neurociência. A eficácia, segundo ela, tem a ver com a expectativa positiva das pessoas em relação ao placebo, e não com o placebo em si.

Em um desses estudos, pessoas que sofriam com dor nas costas relataram alívio após três semanas de tratamento – e isso apesar de não ter havido nenhuma mudança física.

Por exemplo, a coluna vertebral das pessoas tratadas não se tornou mais flexível. Portanto, não houve cura no sentido médico, mas a qualidade de vida dos pacientes melhorou.

“As melhorias subjetivas podem ser rastreadas no cérebro em um nível neurobiológico objetivo. Por exemplo, a atividade em áreas relacionadas à dor ou à depressão é alterada”, explica a professora, que acrescenta que estudos neurobiológicos iniciais também mostraram isso para os placebos de rótulo aberto.

https://www.dw.com/pt-br/placebo-ajuda-mesmo-sabendo-que-%C3%A9-falso/a-70168209

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