Dia da Língua Portuguesa.
Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em alusão à morte do escritor português Luís de Camões, em 1580, o autor de Os Lusíadas.
A língua portuguesa é nosso patrimônio comum, além de ser a matéria-prima para nossa literatura e poesia, por isso a importância da comemoração da data. Vale lembrar, que o idioma tem sua origem no latim vulgar – o latim falado, que os romanos introduziram na Lusitânia, região situada ao sudoeste da Península Ibérica, a partir de 218 a.C.
Atualmente, segundo dados da ONU, pelo menos 235 milhões de pessoas têm o português como primeira língua, em oito países que vão das Américas à Ásia. Mais de 80% desses falantes são brasileiros. Entretanto, muitos falantes do português vivem fora dos países lusófonos em nações da Europa e nos Estados Unidos. Não oficialmente, o português é falado por uma pequena parte da população em Macau, no estado de Goa, na Índia, e na Oceania.
A língua portuguesa é a quinta língua mais falada do planeta e a terceira mais falada entre as línguas ocidentais, ficando atrás somente do inglês e do castelhano. Por toda a importância dada à língua portuguesa, seu ensino agora é bastante valorizado nos países que compõem o Mercosul, e é a língua oficial em diversos países como: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe e, ainda, Timor-Leste após sua independência.
Frases:
Amor é fogo que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente.
Coisas impossíveis, é melhor esquecê-las que desejá-las.
Amor com seus contrários se acrescenta.
Anda sempre tão unido o meu tormento comigo que eu mesmo sou meu perigo.
As cousas árduas e lustrosas se alcançam com trabalho e com fadiga.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
O fraco rei faz fraca a forte gente
Sobre Camões.
( canal todamateria.com.br )
Luís de Camões (1524-1580) foi um poeta e soldado português, considerado o maior escritor do período do Classicismo. Além disso, ele é apontado como um dos maiores representantes da literatura mundial. Autor do poema épico “Os Lusíadas”, revelou grande sensibilidade para escrever sobre os dramas humanos, sejam amorosos ou existenciais. Pouco se sabe sua vida, portanto, o local e os anos de nascimento e morte ainda são incertos.
Biografia de Camões
Filho de Simão Vaz e Ana de Sá, Luís Vaz de Camões nasceu em Lisboa por volta de 1524. Provavelmente teve uma boa e sólida educação, na qual aprendeu sobre história, línguas e literatura.
Estudos indicam que ele era indisciplinado e que supostamente teria ido à Coimbra para estudar. No entanto, não há registros de que ele tenha sido aluno da Universidade.
Ainda jovem, interessou-se pela literatura iniciando sua carreira literária como um poeta lírico na corte de Dom João III. Muitos historiadores dizem que nesse período Camões teve uma vida muito boêmia. Na altura, também passou por uma desilusão amorosa, momento em que decidiu tornar-se um soldado.
Assim, ingressou no Exército da Coroa Portuguesa em 1547 e, no mesmo ano, embarcou como soldado para a África. Foi ali que Camões perdeu o olho direito.
Em 1552, ele volta a Lisboa e continua com sua vida boêmia e de promiscuidade. No ano seguinte, embarca para as Índias, onde participa de várias expedições militares.
Estudos apontam que ele foi preso tanto em Portugal, quando no Oriente. Foi durante uma de suas prisões que ele escreveu sua obra mais conhecida: Os Lusíadas.
Quando retornou a Portugal, resolveu publicar sua obra. No momento, recebeu uma pequena quantia em dinheiro do Rei Dom Sebastião. Muitas vezes incompreendido pela sociedade, Camões se queixou pelo pouco reconhecimento que teve em vida. Foi somente após sua morte que sua obra passou a ser foco das atenções.
Hoje, ele é considerado um dos maiores escritores de língua portuguesa e ainda, um dos maiores representantes da literatura mundial. Seu nome é conhecido em todo o mundo e é usado em diversas praças, avenidas, ruas e instituições.
Camões faleceu dia 10 de junho de 1580 em Lisboa, provavelmente vítima de peste. No final da sua vida, passou por grandes problemas financeiros morrendo pobre e infeliz, uma vez que não teve o reconhecimento que merecia.
O Dia de Portugal é celebrado em 10 de junho em comemoração à data de sua morte.
Características e obras de Camões
Camões escreveu poesias, epopeias e obras de dramaturgia. Foi assim que tornou-se um poeta múltiplo, sofisticado e ao mesmo tempo, popular.
Decerto que ele possuía grande habilidade poética, na qual soube explorar com muita criatividade as mais diferentes formas de composição.
Foi um dos maiores poetas do Renascimento, mas às vezes se inspirou em canções ou trovas populares escrevendo poesias que lembram várias canções medievais.
Seus versos revelam que estudou os clássicos da Antiguidade e os humanistas italianos.
Suas obras de maior destaque são:
- El-Rei Seleuco (1545), peça de teatro;
- Filodemo (1556), comédia de moralidade;
- Os Lusíadas (1572), grande poema épico;
- Anfitriões (1587), comédia escrita em forma de auto;
- Rimas (1595), coletânea de sua obra lírica;
Os Lusíadas: a grande obra de Luís de Camões
A poesia épica “Os Lusíadas”, publicada em 1572, celebra os feitos marítimos e guerreiros de Portugal. Destacam-se as conquistas ultramarinas, as viagens por mares desconhecidos, a descoberta de novas terras, o encontro com povos e costumes diferentes.
Isso permitiu comparar os feitos dos portugueses com as façanhas dos lendários heróis dos poemas de Homero (Odisseia e Ilíada) e de Virgílio (Eneida).
Camões usou os modelos clássicos para cantar os acontecimentos do seu tempo, que ao contrário dos antigos, eram reais e não fictícios. Camões faz algumas entidades mitológicas participarem da ação.
Assim, coube a Vênus o papel de protetora dos portugueses. Ela os defende do deus Baco que quer destruir a frota de Vasco da Gama.
No final do poema, os navegantes são levados à ilha dos Amores, onde são recompensados de seus esforços por sedutoras ninfas.
Curiosidade
Camões sofreu um naufrágio na costa do Vietnã e diz a lenda que ele nadou salvando o manuscrito de Os Lusíadas na mão.
Poesias de Camões
A maior parte da poesia lírica de Camões é composta de sonetos e redondilhas (estrofes com versos de cinco ou sete sílabas). Confira abaixo alguns exemplos:
Exemplo I
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Exemplo II
Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.
Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
Ligeiro, ingrato, vão desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.
Amor é brando, é doce, e é piedoso.
Quem o contrário diz não seja crido;
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e inda aos Deuses, odioso.
Se males faz Amor em mim se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.
Mas todas suas iras são de Amor;
Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.