A bioeconomia da restauração pode ajudar a virar o jogo para a Amazônia – Rodrigo Freire =>TNC Brasil (The Nature Conservancy Brasil) =Galileu=
A bioeconomia surge como um importante mecanismo de conservação e restauração da floresta amazônica, um conceito que mistura ciência, tecnologia e os modos de vida tradicionais que cuidam do maior tesouro natural do mundo. Nos últimos 40 anos, a Amazônia perdeu em torno de 20% de sua cobertura vegetal original, abrindo espaço, principalmente, para pastos de baixa produtividade. Estamos perigosamente próximos do ponto de não-retorno, quando o desmatamento pode comprometer de vez o papel vital da floresta no equilíbrio climático global. E é para mudar esta lógica e trazer uma alternativa viável ao desmatamento que surgem a economia e os negócios da restauração florestal. *
No centro desse movimento está a Aliança pela Restauração na Amazônia, uma rede de instituições e pessoas que reúne instituições públicas, privadas, acadêmicas e comunitárias com um objetivo claro: alavancar a restauração ecológica como pilar de desenvolvimento socioambiental.
Além disso, políticas públicas que incentivem o comércio justo e o pagamento por serviços ambientais são fundamentais. Nada mais justo do que recompensar as pessoas que preservam e restauram a floresta, e é isso que a bioeconomia da restauração propõe.
O sucesso da bioeconomia da restauração depende de um esforço coletivo, que vai do local ao global. Governos, ONGs, cientistas, setor privado, investidores e comunidades precisam trabalhar juntos para que a Amazônia continue sendo o coração pulsante do nosso planeta.
O Brasil tem uma oportunidade única de liderar a restauração ecológica no mundo. Ao transformar a bioeconomia da restauração em política pública e atrair investimentos do setor privado e agências financeiras, podemos salvar a floresta, melhorar a vida de milhões de pessoas e mostrar que é possível aliar desenvolvimento econômico com respeito à natureza.
Então, da próxima vez que ouvir falar sobre a Amazônia, lembre-se: não estamos falando apenas de uma floresta, mas também de um laboratório vivo de inovações que podem mudar o futuro da humanidade.
* O ano de 2025 mal começou e as mudanças climáticas seguem monopolizando as manchetes da imprensa no Brasil e no mundo, como os ventos com força de furacão que ampliam os focos de incêndio na Califórnia (EUA) ou as fortes chuvas em Santa Catarina. Nos EUA, só para ter uma ideia, a última vez que choveu na região a quantidade mínima para mitigar os incêndios foi em maio de 2024, aqui, o volume de chuvas em dois dias foi o equivalente esperado para cerca de 10 dias. As consequências disso são brutais. Felizmente soluções vêm sendo desenvolvidas nas áreas de geração de energia limpa, produção de alimentos e mobilidade urbana através de mecanismos de baixa emissão de gases de efeito estufa, conservação e restauração de florestas.
Rodrigo Freire é líder de áreas privadas da TNC Brasil na Amazônia e secretário executivo da Aliança pela Restauração da Amazônia.